sexta-feira, 23 de julho de 2010

Mês e meio

Toda a gente ouve. Toda a gente imagina. Todos baixam o olhar. Todos encolhem os ombros. Mas ninguém imagina o que é estar a mês e meio de mudar completamente de vida. Nem eu própria sei se devo rir ou chorar. É tão bom para mim. É tão bom para o meu futuro. Mas se até agora, e Barcelos é perto, houve tantas controvérsias quanto a amizades, amores e familia... Se me prendi tanto pelo sucesso. Se fugi de tanta gente. Se defini uma escala de prioridades. Talvez injusta, visto que todos conciliar tudo. Porque queria ser realmente boa nalguma coisa. Porque queria evoluir e evoluir e evoluir. Porque estava presa num mundinho tao pequeno e tão solitário, para que no fim se tornasse tão grande. Gigante. E depois? É tudo tão forte agora. Tudo tão afectivo. Tão terno. Não me imagino no último dia. Último não será obviamente. Será o primeiro de uns longos meses a pensar no que ficou aqui. Três anos mudam tanta coisa. Em três anos tudo muda. Ninguém imagina o que estou a sentir agora. É tamanha ansiedade. A fome de sabedoria. O desejo de aprender. Conhecer novas pessoas. Criar uma nova personagem. Posso ser quem eu quiser. Faça o que fizer ninguém vai achar estranho "A carla a fazer aquilo?". Mas e aqui? E depois de toda esta barafustação na minha cabeça. Ainda me sinto pior quando ouço "Tu queres é liberdade.""Já tive a tua idade""Tu queres é estar longe dos paizinhos e ir para a borga". NÃO. EU QUERO APRENDER. Sim, é bom sentir-me de certa forma, mais independente, mas eu tenho uns pais que me amam e que sei que vai cair lágrima todos os dias. Tenho uma irmã que está sempre disponivel para me ajudar com uma palavra que me conforta, mesmo que seja dura de ouvir, tenho uns sobrinhos que me fazem rir e que me fazem regressar à infância, tenho um cunhado que gosta de competir com a sogra aqueles quilinhos a mais, tenho uma tia-avó, que apesar de tudo, só me deseja o bem e que gosta que eu veja muitos sapos logo pela manhã, tarde ou até ao anoitecer, se eu assim entender. E com o meu irmão? Como vão ser agora as poucas vezes que falava com o meu irmão? E os amigos? Eu tenho amigos. Novos amigos. Amigos que depois da escola nos separar, os reencontros se vão tornando complicados. Pessoas que vou conhecendo a cada dia que passa e que vou considerando amigos também. Amizades fortes. Pessoas que, em tão pouco tempo, conseguiram tornar-se tão especiais para mim. Tenho uma amiga que precisa tanto de mim. Tenho uma amiga com quem passei grande parte da minha vida. GRANDE PARTE MESMO. Tenho a minha vida aqui. Caramba, eu tenho mesmo aqui a minha vida e depois ainda tenho de ouvir boquinhas de quero fugir da prisão dos meus pais? Por favor, eu preferia estar presa e ter aqui toda a gente, do que ter a liberdade do mundo inteiro e não ter ninguém com quem partilhar. Mas eu preciso de aprender. Preciso de me sentir realizada. Eu preciso deste curso. Tenho este objectivo. Este sonho de infância. Preciso de ir. Preciso mesmo. Ainda hoje ouvi "Eu ainda nem acredito. Vou deixar-te ir para lá sozinha? Que mãe desnaturada.". Eu sorri, com a lágrima no canto do olho. Isso não é verdade, eu vou aprender a desenrascar-me de verdade. Vou tornar-me mais madura. Mais confiante. Isto parece um tanto ou quanto exagero, mas eu sou tão sentimentalista. A vontade que tenho em aproveitar este pouco tempo que tenho aqui... E se, num minuto ou outro me desatar a chorar já sabem que é porque são de facto especiais, tá?

1 comentário:

  1. Um dia disseram-me que se gostamos muito de um passarinho temos que o deixar voar... por isso VOA, maninha, MUITO MUITO ALTO!!!! ... e aprende tudo o que desejas... e sê feliz, MUITO MUITO FELIZ!!!!!

    Apesar das boquinhas (às vezes cruéis, desculpa), adoro-te de todo o coração, "minha Carlinha" :) e se precisares de ajuda no voo, continuarei aqui pronta para soprar mais que o vento...

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Um, dois, três. Um sorriso...